Alckmin desvaloriza delegados e compromete Polícia Civil

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Fachada e ambiente interno do Palácio dos Bandeirantes. Obras e relógio de sol Data: 26/08/2015. Local: São Paulo/SP. Foto: Ciete Silvério/A2img

Antes de abandonar o governo do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) deixou mais uma armadilha na Polícia Civil. Os delegados, apesar constitucionalmente responsáveis pelas Investigações Criminais, e atividade de Polícia Judiciaria, agora possuem salário-base menor do que o de peritos criminais e médicos legistas.

Com a nova tabela, resultado de projeto de lei encaminhado pelo ex-governador, peritos e legistas de 3ª classe começam ganhando R$ 4.142,83. Já os delegados de 3º classe têm o salário de R$ 3.908,33. As informações constam no anexo número nove da lei complementar número 1.317 de 21 de março deste ano.

O Sincopol (Sindicato Regional dos Policiais Civis do Centroeste Paulista) denuncia mais este capítulo da longa história de sucateamento da Polícia Judiciária nos mais de 20 anos de governo tucano no Estado. O presidente da entidade, Celso José Pereira, afirma que o delegado, como autoridade máxima nas delegacias, precisa ter o maior vencimento no salário-base, que deve ser aumentado como um todo.

“Nós defendemos os interesses de todos os membros da Polícia Civil, principalmente agentes, investigadores, papiloscopistas, e todos os que realizam a parte operacional do serviço da Polícia Judiciária. No entanto não podemos deixar de expor mais essa contradição criada ainda no governo Geraldo Alckmin”, comenta Celso. Os delegados do Estado de São Paulo recebem os salários mais baixos do Brasil.

O sindicalista alerta para a sistemática precarização da Polícia Civil que envolve a defasagem salarial, a falta crônica de pessoal nas delegacias, ausência de condições mínimas de trabalho em muitas cidades, frota e material de trabalho prejudicados e outros problemas enfrentados pelos membros da corporação responsável pelas investigações criminais.

“A questão salarial é um problema básico. Se o delegado ganha menos do que outros profissionais da polícia, se desmoraliza a estrutura do ambiente de trabalho e se abre margem para defasagem e desprestígio de outras categorias”, critica o presidente do Sincopol. Ele também lembra que depois de quatro anos e quase 25% de inflação, Alckmin repôs somente 4% dos salários dos policiais e apenas pouco antes de se lançar como pré-candidato a presidente.